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Organização estudantil: um aprendizado importante na formação dos psicólogos

Organização estudantil: um aprendizado importante na formação dos psicólogos

28/06/2000

As entidades de Psicologia, abaixo relacionadas, reunidas no Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia, no dia 28 de junho, debateram questões relacionadas à qualidade da formação dos psicólogos e consideraram importante registrar sua preocupação a este Ministério, apresentando uma proposta para a avaliação dos cursos de graduação em Psicologia.

Nossa proposta é que este Ministério ao formular instrumentos para avaliar os cursos de graduação em Psicologia, considere como um dos aspectos a serem avaliados a existência de entidades estudantis nas escolas de Psicologia.

Ocorre que ao acompanharmos o movimento estudantil nas diversas escolas de Psicologia, temos visto entidades que se organizam serem reprimidas pela direção das escolas. Pior do que isto, é o fato de que alguns professores que apoiam a formação e desenvolvimento destas entidades têm sido demitidos. O Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia tomou conhecimento destes fatos e os avaliou com extrema preocupação, o que nos levou a esta manifestação.

Entendemos que a formação de nossos profissionais não se dá apenas pelo aprendizado em sala de aula. Esta concepção de ensino e de educação já foi em muito superada. Sabe-se hoje da importância do contato com a realidade social e do valor das experiências e das vivências diversificadas, que a Universidade propicia, para a formação de profissionais competentes e comprometidos com a realidade social na qual atuarão.

A formação de profissionais que possam acompanhar as tendências da realidade, que possam ser sensíveis às transformações sociais e que tenham condições teóricas e técnicas de criar conhecimentos que possibilitem a sua profissão responder às demandas sociais, tornou-se hoje o grande desafio dos cursos de graduação.

A Universidade não pode mais ser pensada como uma fortaleza que isola nossos estudantes a fim de prepará-los para a atuação profissional. Não. Sabemos hoje que é preciso, ao contrário, derrubar os muros que separam nossas Universidades da realidade social e deixar que esta realidade invada o espaço escolar apontando necessidades e demandas de conhecimento e intervenção. Esta é a Universidade que precisamos construir.

A criação de espaços que organizem os diversos segmentos da Universidade tornou-se imperativo. Os estudantes precisam fazer suas experiências de organização corporativa para poderem formar atitudes e competências adequadas para a cidadania. Formar profissionais cidadãos implica obrigatoriamente em permitir e estimular que os estudantes façam suas experiências organizativas. Aprender a construir consensos, aprender a construir estratégias de ação, formas de reivindicação, debates e a busca de soluções para os problemas do cotidiano são experiências que não podem mais deixar de serem vividas pelos nossos estudantes.

Sabemos que as escolas de qualidade são escolas com bons professores, com biblioteca completa e acessível, com condições para realização de pesquisas não só de seus docentes, mas também dos alunos que realizam suas experiências em iniciação científica. Boas escolas são aquelas que estimulam e propiciam espaços para a organização estudantil, contribuindo para a formação política de seus estudantes. Bons profissionais, hoje, são cidadãos comprometidos e envolvidos com as questões e problemas de seu tempo.

Não podemos permitir que o modelo de empresas autoritárias se torne dominante em nosso meio de formação.

Nossa reivindicação: incluir entre os critérios de avaliação dos cursos de graduação deve-se incluir a existência de espaços organizativos dos estudantes.

De nossa parte, divulgaremos em nossos jornais e boletins esta manifestação e estabeleceremos entre nós, entidades do fórum, o compromisso de não nos associarmos e apoiarmos escolas nas quais a organização dos estudantes esteja sendo reprimida.

São Paulo, 28 de junho de 2000

ABEP: Associação Brasileira de Ensino de Psicologia
ABRAPSO: Associação Brasileira de Psicologia Social
ABRAPEE: Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional
ABPJ: Associação Brasileira de Psicologia Jurídica
ANPEPP: Associação Nacional de Pesquisa e Ensino Pós Graduado em Psicologia
CONEP: Nacional de Entidades estudantis de Psicologia
CFP: Conselho Federal de Psicologia
FENAPSI: Federação Nacional dos Psicólogos
SBPD: Sociedade Brasileira de Psicologia do desenvolvimento
SBP: Sociedade Brasileira de Psicologia